Saiba como contornar o medo na pandemia e os males que ele provoca

 A pandemia da covid colocou o mundo em alerta. A possibilidade de contágio, a insegurança no combate ao coronavírus, o colapso na rede de saúde e o distanciamento social fazem as pessoas se sentirem cercadas como em uma guerrilha. Uma pesquisa do Datafolha realizada em março deste ano mostra que o medo de ser infectado pelo coronavírus atinge 82% das pessoas.

Esse estado afetivo, quando vivenciado por um longo período, pode prejudicar não só a saúde emocional como também a física, por isso é importante saber contornar esse sentimento. “O medo deprime o sistema imunológico, deixando a imunidade baixa e, consequentemente, o corpo mais vulnerável a doenças. Além disso, em excesso, essa emoção pode gerar estresse, ansiedade, e pode levar até a neuroses, psicoses, depressão e pânico”, explica o doutor em neuroanatomia e mestre em anatomia humana pela Unicamp Mario Sabha Jr.

O especialista explica que o medo constante carrega o sistema nervoso e o corpo não consegue relaxar. “Quando temos esse estado emocional, o nosso sistema nervoso aumenta a circulação de sangue, a pressão arterial e libera adrenalina pelas glândulas suprarrenais, que é um hormônio produzido na fase aguda de estresse, como em uma luta ou uma fuga. A diferença é que nesses casos, após o medo passar, o sistema nervoso libera hormônios para o relaxamento do corpo. Já quando se tem um estresse constante, isso não acontece”.

Medo de contaminação atinge 82% das
pessoas, segundo Datafolha (Freepik)

Segundo o especialista, a falta de relaxamento traz outras complicações como insônia, dores musculares, indisposição e agressividade. Para combater esses efeitos, é preciso buscar formas de aliviar o estresse. “É momento para buscar autoconhecimento. Alivie o estresse fazendo coisas que você gosta”, indica o médico.

O distanciamento social e a falta de socialização contribuem para esse estado de medo constante e, segundo Sabha, precisam ser compensados com outras atividades que tragam conforto e acolhimento. “Sem poder se reunir pessoalmente, a saída é buscar outras formas de estar perto das pessoas que gostamos. O momento é delicado e complicado, mas devemos tentar focar menos na tragédia (sem deixar de tomar todos os cuidados necessários) e mais nas pessoas que amamos e nas coisas simples, como o fato de estarmos vivos. Exercitar o sentimento de gratidão é outra boa forma de aliviar a nossa mente”, afirma.

DICAS para lidar com o medo e evitar seus males:
- Tente se desligar das más notícias
- Tenha momentos de descontração
- Brinque com seu pet
- Assista a filmes e séries
- Faça reuniões virtuais
- Converse com pessoas de sua confiança
- Busque dar mais risadas
- Seja grato às pequenas coisas e situações

Mario Sabha Jr. é doutor em neuroanatomia e
mestre em anatomia humana pela Unicamp

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Medo de contaminação atinge 82% das pessoas, segundo Datafolha - Freepik

  MarioSabha Jr. é doutor em neuroanatomia e mestre em anatomia humana pela Unicamp - Divulgação

 




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