Afinal, o que é média móvel?

 Índice é usado na análise da evolução do coronavírus (Foto: Karolina Grabowska/Pexels)

Todo dia os brasileiros acompanham notícias sobre os números da pandemia da covid-19 no país: notificações, aumento de casos, percentual de ocupação de leitos hospitalares, óbitos e recuperados. Parte dessas informações traz como dado a média móvel de mortes diárias, para analisar a evolução da doença e apontar sua gravidade.

A média móvel já é aplicada com outras finalidades, especialmente no setor financeiro, por ajudar a indicar tendências de crescimento e queda de valores, como explica o coordenador de Conteúdo de Responde Aí, Jorge Alberto Santos.

“É uma ferramenta muito utilizada na estatística, que possibilita ao analista de dados fazer previsões por meio de dados históricos de um determinado evento. Através dela, pode-se calcular, por exemplo, qual será a demanda de um determinado produto no próximo mês, baseado no que foi demandado nos últimos três meses.”

Por ser indicador de uma tendência sequencial, ou seja, de um determinado número em um período de tempo, atualmente, é uma das análises usadas por ajudar a prever tendências e a fornecer informações para fundamentar decisões importantes. “Neste momento em que estamos vivendo por conta da pandemia do novo coronavírus, tem sido muito utilizada para dar um diagnóstico da evolução de casos e de mortes em estados e países”, destaca Santos.

Como elaborar a média móvel

O indicador é obtido a partir de um determinado dado em uma amostra de tempo. Para isso, devem ser reunidos dados a serem elencados conforme a passagem do tempo. A tarefa exige capacitação e formação na área de exatas.

“Para realizar o cálculo da média móvel, é importante que a pessoa entenda conceitos da estatística, da ciência da análise de dados, que tem como objetivo coletar, organizar e analisar dados de forma que seja possível tirar conclusões corretas a partir deles. É importante compreender bem as medidas de centralidade, como média, mediana e moda. Além disso, também se deve saber ler e interpretar gráficos, que muitas vezes são utilizados quando se trabalha com a média móvel”, aponta Santos.

Na cobertura da pandemia do coronavírus, o Consórcio de Veículos da Imprensa optou por usar o seguinte método: a cada sete dias, o número de casos de cada dia é somado e dividido por sete, o número de dias considerados. Geralmente entram na conta os óbitos ocorridos no período analisado e também outros que foram registrados com atraso no sistema. O resultado da conta é a média semanal.

Para sinalizar um comportamento ou tendência, seja de crescimento, de queda ou de estabilidade, é preciso calcular a variação percentual dentro do intervalo de tempo, comparando as médias móveis de dias distintos.

“É necessário definir bem o número de períodos passados que serão utilizados no cálculo. No caso de uma empresa que quer prever a demanda de um determinado produto para o próximo ano, deve-se entender quantos anos anteriores serão considerados para fazer o cálculo da média móvel. A empresa pode utilizar três, cinco anos anteriores e por aí vai. O desafio é entender o número que torna o modelo mais assertivo”, resume Jorge Alberto Santos.

Utilidades da média móvel

O indicador pode ajudar a prever tendências de comportamento e auxiliar no acompanhamento da variação e evolução do objeto analisado, seja o número de pessoas infectadas pela covid-19 ou a base de clientes. Por meio desta ferramenta, é possível identificar de forma antecipada cenários bons ou desfavoráveis e balizar as decisões de estratégias específicas para mudar o curso, antever problemas ou aproveitar melhor a situação.

No entanto, não basta se apegar a um determinado dado e esquecer da passagem do tempo. É necessário monitorar e atualizar sempre os dados levantados na localidade, dentro do período proposto, que interferem diretamente no resultado. Cenários podem mudar e exigir novas decisões.

Especialistas ressaltam que a média móvel não deve ser o único indicador analisado, porque diferentes variáveis podem interferir no contexto. Por tanto, o ideal é combinar informações, dados e indicadores para se chegar a um cenário mais amplo e gerar uma estratégia mais fortalecida.

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