Quem assina o design das peças que vestem os veteranos Doug Hurley, 53 anos, e Bob Behnken, 49 anos, é o figurinista Jose Fernandez, que trabalhou nos filmes “Batman v Superman”, “O Quarteto Fantástico”, “Os Vingadores” e “X-Men II”. Fernandez foi convidado pelo bilionário Elon Musk a desenvolver os trajes da primeira missão espacial da nave da SpaceX. Além dos atributos necessários, a roupa deveria parecer um smoking, o que conferiria, na visão do figurinista, sofisticação.
“Enquanto as viagens espaciais eram subsidiadas pelos governos, não havia necessidade de tornar os trajes atraentes, pois a segurança dos astronautas era a única preocupação. No entanto, se as viagens espaciais se tornarem uma atividade de empresas privadas em busca de lucros, haverá o interesse natural em fazer seus astronautas parecerem atraentes”, disse ao New York Times Gary Westfahl, autor de “O Filme do Traje Espacial: uma História, 1918-1969”.
Ainda assim, uma série de recursos e requisitos técnicos que melhoram a funcionalidade da peça precisaram ser desenvolvidos para fornecer pressão interna estável, mobilidade, oxigênio respirável, regulação da temperatura, sistema de comunicação com conexão elétrica externa à espaçonave e, claro, meios de coletar e conter resíduos corporais sólidos e líquidos.
“Uma das coisas que consideramos importante no desenvolvimento do traje era que ele fosse fácil de usar. A ideia era que a tripulação apenas plugasse ao sentar e o traje trabalhasse sozinho a partir daí e, claro, fosse uma parte do sistema operacional”, explicou Chris Trigg, gerente do departamento de equipamentos e trajes da SpaceX.
Nos últimos 50 anos, o traje espacial passou por transformações para ajudá-lo a acompanhar as mudanças nos requisitos das missões. Depois do Programa Mercúrio, os pesquisadores precisaram desenvolver um traje espacial que permitisse aos astronautas sair da nave em segurança. Como resultado, os trajes Gemini adicionaram 10 camadas de isolamento e mangueiras que bombeavam o ar de resfriamento da espaçonave.
Os trajes espaciais do programa Apollo precisavam proteger os astronautas enquanto caminhavam na lua e, por isso, tinham um sistema de suporte à vida. Os astronautas podiam ir para longe porque não estavam conectados por uma mangueira. Já os famosos ternos laranjas usados no lançamento do ônibus espacial tinham aparência leve porque, assim como os usados por Behnken e Hurley, só podiam ser usados dentro de uma espaçonave.
Quando chegar o momento de a Nasa enviar pessoas para lugares que os humanos nunca foram antes, como um asteroide e Marte, os trajes espaciais precisarão, novamente, ser reconfigurados.
Foto © John Raoux/AP/VEJA Douglas Hurley (à esq.) e Robert Behnken, os protagonistas desse voo espacial histórico
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